sábado, 6 de julho de 2013

No leito

Sereno na face a lágrima
que teima em cair solta
desprendida deste mar profundo
que são em escuro
meus olhos...
mar que se agita
revolve em sentido espelho
sentimento

Ninguém me espera
a não ser eu em mim e em ti
na página que em branco
desbravo
quero sentir-te
em cada linha traçada
ver-te-me em cada palavra
desenhada

Abro a janela
recebo na brisa da noite
o arrepio que o teu eu
me provoca...

Como posso serenar-me
serenando-te
se é tão doce em mim
o desconcerto
de ver-te no leito
do meu pensamento...


ANA FONSECA, in NO LEITO DO MEU PENSAMENTO (Universus, 2011)

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