segunda-feira, 1 de julho de 2013

E nom navego mais río que o teu corpo

O nosso amor une-se subterrâneo
como as mâos agretadas de trabalho,
como os grâos de milho serodio,
como o río que no poço desemboca!

Nosso amor, sinal acesa nos espaços,
como os olhos que se abrem e se fecham,
como as lilás que tardias arrecendem,
como labres que se bicam fondamente!

O nosso amor, águas navegaveis surcando
nos seios frondosos da selvagem,
plenitude azul de tudos os anseios.

O nosso amor que se une subterrâneo
nas noites furiosas dos abraios,
fértil arvoreda na Fraga dos Esqueços.

E nom navego mais rio que o teu corpo!


ANTOM LAIA , in NO BALOUÇAR DO VENTO (Ed. autor, 2013)

Sem comentários:

Enviar um comentário