Em ti o meu olhar fez-se alvorada
E a minha voz fez-se gorgeio de ninho...
E a minha rubra boca apaixonada
Teve a frescura pálida do linho...
Embriagou-me o teu beijo como um vinho
Fulvo de Espanha, em taça cinzelada...
E a minha cabeleireira desatada
Pôs a teus pés a sombra dum caminho...
Minhas pálpebras são cor de verbena,
Eu tenho os olhos garços, sou morena,
E para te encontrar foi que eu nasci...
Tens sido vida fora o meu desejo
E agora, que te falo, que te vejo,
Não sei se te encontrei... se te perdi...
Florbela Espanca
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Ao perder a ti, tu e eu perdemos
Ao perder a ti,tu e eu perdemos.
Eu,
porque tu eras a que eu mais amava
E tu,
porque eu era o que te amava mais
Contudo,
de nós dois tu perdestes mais do que eu
Porque eu poderia amar outra como amava a ti
Mas a ti jamais te amarão como eu te amei.
Ernesto Cardenal
Eu,
porque tu eras a que eu mais amava
E tu,
porque eu era o que te amava mais
Contudo,
de nós dois tu perdestes mais do que eu
Porque eu poderia amar outra como amava a ti
Mas a ti jamais te amarão como eu te amei.
Ernesto Cardenal
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
O teu retrato
Deus fez a noite com o teu olhar,
Deus fez as ondas com os teus cabelos;
Com a tua coragem fez castelos
Que pôs, como defesa, à beira-mar.
Com um sorriso teu, fez o luar
(Que é sorriso de noite, ao viandante)
E eu que andava pelo mundo, errante,
Já não ando perdido em alto-mar!
Do céu de Portugal fez a tua alma!
E ao ver-te sempre assim, tão pura e calma,
Da minha Noite, eu fiz a Claridade!
Ó meu anjo de luz e de esperança,
Será em ti afinal que descansa
O triste fim da minha mocidade!
António Nobre
Deus fez as ondas com os teus cabelos;
Com a tua coragem fez castelos
Que pôs, como defesa, à beira-mar.
Com um sorriso teu, fez o luar
(Que é sorriso de noite, ao viandante)
E eu que andava pelo mundo, errante,
Já não ando perdido em alto-mar!
Do céu de Portugal fez a tua alma!
E ao ver-te sempre assim, tão pura e calma,
Da minha Noite, eu fiz a Claridade!
Ó meu anjo de luz e de esperança,
Será em ti afinal que descansa
O triste fim da minha mocidade!
António Nobre
Janela da Saudade
Não quero sentir saudade
Mas olhando da minha janela
Tudo me fala de ti...
O ar que me envolve
Impregnado dos teus amoras
Eleva o meu olhar
Até ao horizonte longínquo
Onde te escondes...
Não quero sentir saudade
Mas a minha janela
Está voltada para o Céu
Em que vives.
As nuvens desenham formas
Que fazem lembrar o teu rosto
E a chuva que bate na vidraça
És tu chamando por mim...
És brisa que me beija,
Núvem que me embala,
Trovão que me desperta...
Não não quero sentir saudade
Mas não posso fechar a minha janela!
Céu Cruz
Mas olhando da minha janela
Tudo me fala de ti...
O ar que me envolve
Impregnado dos teus amoras
Eleva o meu olhar
Até ao horizonte longínquo
Onde te escondes...
Não quero sentir saudade
Mas a minha janela
Está voltada para o Céu
Em que vives.
As nuvens desenham formas
Que fazem lembrar o teu rosto
E a chuva que bate na vidraça
És tu chamando por mim...
És brisa que me beija,
Núvem que me embala,
Trovão que me desperta...
Não não quero sentir saudade
Mas não posso fechar a minha janela!
Céu Cruz
Noite
Chegas sem avisar…
sempre a tempo de me abraçar.
És o ponto onde sempre me encontro
Mesmo sem ter de me perder
És vento que não me faz tonto
Mas que faz minha alma esmorecer
És o meu casulo de abrigo
Mesmo sem ter de me esconder
És manta que se enrola comigo
Com carinho pra adormecer
És um som que nada diz
És a cor que me aquece
És cama onde a conheci
És o amor que nunca esquece.
Chegas sem avisar…
Sempre a tempo de me abraçar.
Paulo Costa
sempre a tempo de me abraçar.
És o ponto onde sempre me encontro
Mesmo sem ter de me perder
És vento que não me faz tonto
Mas que faz minha alma esmorecer
És o meu casulo de abrigo
Mesmo sem ter de me esconder
És manta que se enrola comigo
Com carinho pra adormecer
És um som que nada diz
És a cor que me aquece
És cama onde a conheci
És o amor que nunca esquece.
Chegas sem avisar…
Sempre a tempo de me abraçar.
Paulo Costa
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Sem Remédio
Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.
E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!
Sinto os passos de Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!
E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!
Florbela Espanca
Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.
E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!
Sinto os passos de Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!
E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!
Florbela Espanca
sábado, 18 de agosto de 2012
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Desperta-me de noite
Desperta-me de noite
O teu desejo
Na vaga dos teus dedos
Com que vergas
O sono em que me deito
É rede a tua língua
Em sua teia
É vício as palavras
Com que falas
A trégua
A entrega
O disfarce
E lembras os meus ombros
Docemente
Na dobra do lençol que desfazes
Desperta-me de noite
Com o teu corpo
Tiras-me do sono
Onde resvalo
E eu pouco a pouco
Vou repelindo a noite
E tu dentro de mim
Vai descobrindo vales.
Maria Teresa Horta
O teu desejo
Na vaga dos teus dedos
Com que vergas
O sono em que me deito
É rede a tua língua
Em sua teia
É vício as palavras
Com que falas
A trégua
A entrega
O disfarce
E lembras os meus ombros
Docemente
Na dobra do lençol que desfazes
Desperta-me de noite
Com o teu corpo
Tiras-me do sono
Onde resvalo
E eu pouco a pouco
Vou repelindo a noite
E tu dentro de mim
Vai descobrindo vales.
Maria Teresa Horta
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Longe de ti
Longe de ti
E no pensamento
Sei-te na pele que despi
A alma suspira com asas no tempo
E por ti renasci
Adormecem os dias...acordam as noites
Respiro-me para não te perder…
No silêncio onde te abraço
Toco-te (me) o desejo por mãos nuas... insanas
Guardo-te na nudez para não te esquecer
Sentidos apurados despem-se no espaço
Embebida no licor da tua boca...Eva pecadora
Nua e carinhosa,docemente maldosa...delicada
Amo-te...sonhadora
Na memória do corpo o tempo é frenesim
E tu...o infinito
Num voo dentro de mim
É no desejo da minha solidão, que oiço a saudade que grita por ti …
Paula Oz
E no pensamento
Sei-te na pele que despi
A alma suspira com asas no tempo
E por ti renasci
Adormecem os dias...acordam as noites
Respiro-me para não te perder…
No silêncio onde te abraço
Toco-te (me) o desejo por mãos nuas... insanas
Guardo-te na nudez para não te esquecer
Sentidos apurados despem-se no espaço
Embebida no licor da tua boca...Eva pecadora
Nua e carinhosa,docemente maldosa...delicada
Amo-te...sonhadora
Na memória do corpo o tempo é frenesim
E tu...o infinito
Num voo dentro de mim
É no desejo da minha solidão, que oiço a saudade que grita por ti …
Paula Oz
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