sábado, 8 de junho de 2013

Pecados

Fecho os olhos
para que a noite não me doa.

Abrigo em mim, o pássaro ferido
de outrora.

Difícil explicação essa - a da impossibilidade de voar-

Suavemente tento apagar a memória.
Lembrar o dia-a-dia convencional.

Sonho-te em princípios de azul
num alegre recortar pedacinhos do céu.

Tento a sombra de um salgueiro
o sal do mar
e uma montanha inacessível.

Busco-te dentro de mim
numa tentativa de paz.

Pobre alma remendada.

Desejo inconfessado
ternura incandescente.
Soltam-se os cabelos,
as lágrimas,
alguns olhares
perdidos
os sabores a morango
no tempo e na vontade
de esquecer.

Vagueio entre sorrisos
belos
os
segredos
pueris,
de uma noite
em que me deito e tento,
uma morte sem dormir.


ANAMAR, in ESCRITO NAS ÁRVORES (Ed. Colibri, 2011)

Sem comentários:

Enviar um comentário