Amar! mas dum amor que tenha vida...
Não sejam sempre só delírios e desejos
Duma douda cabeça ensandecida...
Amor que viva e brilhe! luz fundida
Que penetre o meu ser - e não só beijos
Dados no ar - delírios e desejos -
mas amor... dos amores que têm vida...
Sim, vivo e quente! e já a luz do dia
Não virá dissipá-lo nos meus braços
Como névia da vaga fantasia...
Nem murchará do sol à chama erguida...
Pois que podem os astros dos espaços
Contra uns débeis amores... se têm vida?
ANTERO DE QUENTAL, in SONETOS (Verbo, 2005)
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