quinta-feira, 11 de abril de 2013

Lágrima de papel

!!csClaraCamargo

Abotoam-se os olhos rasgados pela
infinitude da prece
cresce lânguido o sobreiro
sangue estival de cativeiro
o altar de
cobre
o corpo laminado
em mortalha de seda
o amor esgota-se nas palavras
repetidas quando não perpetuadas
em verbos
então sorriso
suspiro respiro dor
(en)canto na floresta de todos os espantos
onde te descubro
toque a toque
na pele em que te t(r)oco
corpo a corpo
virgem
sacramento
alimento.

Sabes a violetas frescas, quando me
sussurras promessas.
Lábios selados a ponto ajour
para que (eu) não exale o último suspiro
atinjo o céu elevo-me em suaves movimentos
música celestial
anjo e demónio
s.a.c.r.a.m.e.n.t.a.l
deixo de sentir. E parto (s)em lamento.


ANAMAR, in ESCRITO NAS ÁRVORES (Ed. Colibri, 2011)

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