quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Para ti

Para ti tenho tudo o que quiseres:
Uma harpa com cordas de cristal
Que só o vento sul pode tocar,
Um nome antigo que nunca ninguém disse
E um vinho em movimento circular.

Um planeta ainda por descobrir,
Que entrevejo nas noites mais vazias.
Uma aurora boreal petrificada
À tua porta, um canto de embalar
E um gesto louco a emergir do nada.

Tenho um comboio de madeira, uma cidade
Verde, verde, aberta e revoltada.
Uma sombra que desmaia no passeio,
As cores que ninguém vê no arco-íris
E um diamante com um coração no meio.

Tenho um segredo feito de marfim,
Uma batalha que ninguém perdeu,
O segmento de recta onde amanheces.
E uns olhos onde podes encontrar
O que não disse, para que o quisesses.


Mário Domingos

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