Resta-me a fragrância da tua pele
em mim colada, à exaustão
dos dias que se escoaram
por entre os dedos finos da minha mão.
A noite veio e desvirgindou
todo o pudor que ali morreu
por entre sonhos já vividos,
e tantos outros que ninguém sonhou!
Ah! como pesa a tua ausência
neste silêncio feito pedra!
Traz-me a voz que murmura cânticos
que vagam nas ondas da minha essência.
Não vivo já, espectro de mim
dorme acordado em ténue vigília...
Vem madrugada, vem de uma vez
e traz de volta a noite e outro dia assim.
Dói-me o corpo inteiro, retoco a alma
retalhos do meu triste deambular.
Hoje, não sou ninguém, esqueci a calma
quero apenas dormir para não mais acordar !
Carmen Sêco
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