Talvez um dia eu parta
para essa viagem sem fim,
sem saber por onde passei,
nem os trilhos que pisei.
Talvez um dia eu parta,
feche os olhos e adormeça,
sem me ter sentido acordado,
que não errante e atordoado.
Talvez um dia eu parta,
me livre da angústia e nostalgia,
e encontre a serenidade,
quiçá, a suprema felicidade.
Talvez um dia quem sabe
olhe para trás e entenda,
no fim do caminho que percorro,
tudo o que hoje me interrogo.
Talvez um dia quem sabe
acabe com a maldição,
o sentir amado e não amar,
porque deixei de lutar.
Talvez um dia quem sabe
eu aprenda a conhecer-me,
talvez então tarde demais,
para viver entre os mortais.
Olho para trás e que vejo?
Buracos negros deixados
e intervalos de vida sem cor,
um vazio enorme… muita dor.
Talvez um dia eu parta,
vista a vida de negro
e a leve nessa viagem,
último suspiro… uma miragem.
Celso Cordeiro
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