sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Uma das manhãs

Rente à manhã, sinto uma leve brisa.
Suave e fresca. Acaricia-me.
O dia descobre-me aos poucos, beijando-me,
e eu sou um, entre tantos que desperta.

Docemente me beija a pele adormecida,
sem pudor, desperta-me a virilidade,
assustada, de incontidas noites desejada.
Num alvoroço de luas peregrinas.

A meu lado, o amor ainda dorme.
Tão nua, num desapego lírico de se ver.
Aveludado, meu afago a percorre,
deixando adormecer minha mão,
no ventre luminoso de perdão.

Estremece um pouco; na vã tentativa
de encobrir, desfolhada rosa, que,
meus dedos no orvalho se inquietam.

Lentamente os seios despontam ao raiar,
num leve acariciar dos lábios.
Docemente sorri: afastando-me a mão.
{que agora não; ainda não despertou o coração}

Joaquim Monteiro

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