quinta-feira, 15 de março de 2012

Beijo os teus seios

Beijo os teus seios
e a tarde comove-se como se tocassem sinos.
Levanto a tua cabeça entre os meus dedos
e abro contra o dia os teus cabelos,
e logo as aves do silêncio levantam voo
e dançam loucas em volta dos teus olhos,
e a tua boca aperta-se,
morde
a minha boca
enquanto as minhas mãos vão procurando
nenhum deus à flor da tua pele
por esse caminho branco onde agonizam éguas
vestidas de primavera.

Joaquim Pessoa

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